quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Inquisição no Brasil

No Brasil, a expansão do catolicismo foi marcada pela ação dos jesuítas junto às populações nativas. Contudo, não podemos deixar de levar em conta que, sendo lugar de encontro de várias culturas, o território brasileiro se tornou próprio para a prática de rituais e outras manifestações que iam contra os preceitos católicos. Muitas vezes, recorrendo aos saberes dos indígenas ou dos escravos africanos, os professos católicos se desviavam de seus dogmas.

Em vários documentos de época, possuímos o registro de algumas situações onde homens e mulheres apelavam para os saberes místicos de alguns feiticeiros. Geralmente, essa opção era ativada quando os remédios e ações litúrgicas cristãs não surtiam o esperado efeito em alguém que sofria com alguma enfermidade física ou emocional. Muitas vezes, até mesmo alguns padres eram denunciados aos seus superiores por recomendar a ação desse tipo de prática religiosa.

Para frear esse costume, os dirigentes da Igreja fizeram o requerimento das chamadas visitações do Tribunal do Santo Oficio. Essa instituição, criada nos fins da Idade Média, tinha por função combater qualquer tipo de manifestação que representasse uma ameaça contra a hegemonia dogmática católica. Em 1591, o clérigo Heitor Furtado Mendonça foi o primeiro a estabelecer essas visitações que investigavam os casos de heresia ocorridos no Brasil.

As denúncias pelas práticas heréticas surgiam das mais variadas formas. Qualquer delação sem provas ou dedução precipitada bastava para que as autoridades retirassem o acusado de seu lar para responder ao processo. No momento em que chegava a uma localidade, para facilitar o acesso aos suspeitos, o inquisidor anunciava nas praças e igrejas os tais “editos de fé”, que era uma espécie de documento oficial onde o clérigo declarava os pecados que poderiam ser denunciados.

Após ser preso pelas autoridades, o acusado passava por uma série de torturas que tinham como principal função obter a confissão do herege. Uma das punições mais comuns utilizadas era cortar a planta dos pés do acusado e, depois de untá-los com manteiga, expor as feridas em um braseiro. Contudo, antes que uma sessão de tortura fosse iniciada, um médico realizava uma avaliação prévia para que as limitações físicas do indivíduo fossem levadas em conta.

Somente quando alguém não confessava os pecados denunciados é que a morte na fogueira era utilizada. Sendo um instrumento de forte natureza coercitiva, os membros do Tribunal da Inquisição acreditavam que a humilhação pública era um instrumento de combate bem mais eficiente que a morte. A grande maioria das perseguições do Santo Ofício ocorreu na segunda metade do século XVIII. Ao todo, cerca de 500 pessoas foram denunciadas no Brasil, sendo a maioria acusada de disseminar o judaísmo.

Entendendo a Globalização e sua influência

Globalização, mundialização, internacionalização são termos que podem ser considerados sinônimos do que o mundo vem experimentando, segundo alguns, a partir dos anos oitenta, para outros há mais de cinco séculos, e hoje vemos, ouvimos e lemos inúmeras matérias que os conceituam das mais diversas maneiras e formas. Para alguns, um obstáculo que causa tropeço no caminhar. Para outros, um avanço com muitos benefícios.

Na verdade, o efeito globalizante pode ser visto sob aspectos negativos e positivos, a depender da ótica com que é olhado. Para um país como os Estados Unidos da América a situação global é excepcional, pois lhe dá condições de gerir e ingerir, fluir e influir nos mais diversos pontos do universo em tempo real. Há 6.809 línguas no mundo e evidentemente não são todos que podem gozar dos privilégios da globalização. Para países em situação de miserabilidade a globalização é aterradora, representa ingerência externa, interfere no cultivo das tradições, permite comparações que muitas vezes não são benéficas e acabam por atrapalhar planos e metas governamentais. Para os países em desenvolvimento a mundialização é uma faca de dois gumes. O primeiro, afiado para cortar as possibilidades de que sejam acobertadas suas misérias e mazelas, seus problemas de corrupção, de má gestão da coisa pública, do desgoverno, uma vez que as notícias transitam em tempo real e não mais como dantes. O segundo gume, afiado para cortar o isolamento às vezes pretendido e propiciar uma abertura para os demais países do mundo e assim gerar possibilidades reais de um entrelaçamento social, político, cultural e comercial.

Nesse ensaio dos efeitos gerados pela globalização aparecem as relações comerciais, inicialmente formadas entre países fronteiriços para depois transpor distâncias e criar um mercado efetivamente global, em que é possível perceber claramente a necessidade de que todos procurem parceiros para seu desenvolvimento.

Com o avanço da globalização econômica, financeira e comercial, a temática prioritária no campo empresarial passou a ser a competitividade. Nesse caminho, a necessidade de se impor em um mercado sem fronteiras fez com que as economias substituíssem o trabalho humano desqualificado pela eficiência e perfeição da alta tecnologia, muitas vezes gerando desemprego ou realocando trabalhadores para funções menos nobres.

sábado, 9 de outubro de 2010

América Latina


Mapa da América Latina.

O nome América Latina é derivado das línguas faladas em diversas partes do continente americano. Na América do Norte somente o México se insere nesse contexto, além de toda a América Central e do Sul. Isso significa que são países de língua latina, como o português, o francês e o espanhol. Os países que integram a América Latina possuem semelhanças quanto à condição de subdesenvolvimento, tais como economia fragilizada e atrasada, problemas sociais e políticos.

Na América Latina era desenvolvida a agricultura de subsistência, incluindo ainda caça, pesca e coleta. Com a chegada dos colonizadores europeus, grande parte dos países latinos passaram a cultivar produtos destinados à exportação, com o objetivo de obter lucro.

São identificadas duas formas de produção, uma destinada ao mercado externo (monocultura) e outra direcionada ao abastecimento interno (policultura).

Os países latinos são grandes exportadores de produtos primários, os mesmos tiveram uma industrialização tardia em relação às nações desenvolvidas, motivo que fez com que a América Latina se tornasse dependente.

Economia atual

Recentemente foram realizadas mudanças significativas na agricultura latina que promoveram alterações profundas no espaço e na economia. As mudanças ocorreram em decorrência da inserção de máquinas, tecnologias, implementos, insumos agrícolas (herbicidas, fertilizantes, inseticidas entre outros) e técnicas de manejo, que resultou no aumento da produtividade e conseqüentemente dos lucros.

A pecuária ocupa hoje um lugar de destaque, atividade praticada de forma semi-intensiva, são criadas raças bovinas européias em regiões de clima frio e a raça zebu em áreas de clima tropical.

Outra atividade econômica bastante difundida em praticamente todos os países da América Latina é o extrativismo e a mineração. Existe um grande fluxo comercial desenvolvido internamente entre os componentes latinos, uma vez que há uma dependência em relação a alguns minérios, além da exportação dos mesmos para diversos lugares do mundo.

O setor industrial é dividido em indústrias tradicionais e de beneficiamento. Atuam na produção de matéria-prima a partir do beneficiamento de minérios ou produtos agropecuários, incluindo aquelas que produzem bens de consumo, como as tradicionais indústrias alimentícias e têxteis, apesar de alguns países possuírem um setor industrial mais diversificado, que varia desde a indústria de base até a tecnologia de ponta, com essas características temos o Brasil, a Argentina e o México.

A influência da cultura Grega

A influência da cultura helenística na civilização ocidental


O Parthenon, na acrópole de Atenas

A importância de se conhecer a Grécia da Antigüidade (que se desenvolveu entre 2000 a.C. e 500 a.C.) é que a herança de sua cultura atravessou os séculos, chegando até os nossos dias. Foram influências no campo dafilosofia, das artes plásticas, da arquitetura, do teatro, enfim, de muitas idéias e conceitos que deram origem às atuais ciências humanas, exatas e biológicas.

No entanto, não podemos confundir a Antigüidade grega com o país Grécia que existe hoje. Os gregos atuais não são descendentes diretos desses povos que começaram a se organizar a mais de quatro mil anos atrás. Muita coisa se passou entre um período e outro e aqueles gregos antigos perderam-se na mistura com outros povos. Depois, a Grécia antiga não formava uma nação única, mas era composta de várias cidades, que tinham suas próprias organizações sociais, políticas e econômicas.

Apesar dessas diferenças, os gregos tinham uma só língua, que, mesmo com seus dialetos, podia ser entendida pelos povos das várias regiões que formavam a Grécia. Esses povos tinham também a mesma crença religiosa e compartilhavam diversos valores culturais. Assim, os festivais de teatro e os campeonatos esportivos, por exemplo, conseguiam reunir pessoas de diferentes lugares da
Hélade, como se chama o conjunto dos diversos povos gregos.

Cidades-Estados

Essa Grécia de 4.000 anos atrás era formada por ilhas, uma península e parte do continente europeu. Compunha-se de várias cidades, com seus Estados próprios, que eram chamadas de cidades-Estados. Essas cidades localizavam-se ao sul da Europa, nas ilhas entre os mares Egeu e Jônio. Algumas das cidades gregas de maior destaque na Antigüidade foram Atenas, Esparta, Corinto e Tebas.

Essas cidades comercializavam e ao mesmo tempo guerreavam entre si. As guerras eram motivadas pelo controle da região e para se conseguir escravos, os prisioneiros de guerra, que moviam grande parte da economia daquelas sociedades.

Afora os escravos e os pequenos proprietários, havia os cidadãos propriamente ditos, naturais da cidade e proprietários de terras, que tinham direitos políticos e podiam se dedicar a atividades artísticas, intelectuais, guerreiras e esportivas. Isso indica que as pessoas com mais prestígio e propriedade cuidavam exclusivamente do aprimoramento do corpo e da mente. Os mais pobres e os escravos eram quem movimentava a economia, fazendo o trabalho braçal, considerado, então, como algo desprezível.

Influência de Creta, Egito e Fenícia

Esses diversos povos gregos organizaram-se e ganharam força por volta do ano 2.000 a.C. A cultura grega tornou-se tão importante porque foi a síntese, o resumo, de diversas outras culturas da Antigüidade, dos povos que viveram na África e no Oriente Médio. Assim, os gregos conheceram os cretenses, que eram excelentes navegadores. Tiveram contato com os egípcios, famosos nos nossos dias pelo complexo domínio de conhecimentos técnicos que possuíam e por sua organização social.

Por fim, a influência dos fenícios também foi muito importante na cultura grega. Os fenícios foram o povo, naquela parte do planeta, que havia inventado o alfabeto cerca de 1.000 anos a.C. Esse alfabeto foi aperfeiçoado pelos gregos, que por sua vez deu origem ao alfabeto latino, inventado pelos romanos. Como se sabe, a língua portuguesa, que nós falamos, tem origem latina.

Todo esse processo demonstra como ocorreram freqüentes intercâmbios entre os povos ao longo da história da humanidade, embora muitos conhecimentos e invenções tenham se perdido ou deixado de fazer sentido quando essas civilizações desapareceram.

Sociedade espartana

As cidades-Estados sobre as quais sobreviveram mais informações são Atenas e Esparta. Essas sociedades eram, aliás, bem diferentes e freqüentemente lutaram uma contra a outra. A sociedade espartana era considerada rígida (nos dias de hoje, quando queremos dizer que alguma coisa ou pessoa é muito cheia de regras, fechada, dizemos que é "espartana"). Em Esparta, os homens viviam para a vida militar.

Eles só podiam casar depois de terem sido educados pelo Estado, em acampamentos coletivos, onde viviam dos 12 até os 30 anos. Para o governo, existiam os conselhos de velhos, que controlavam a sociedade e definiam as leis. As mulheres espartanas cuidavam da casa e tinham também uma vida pública: administravam o comércio na ausência dos homens.

Atenas e a democracia

Já Atenas, que foi considerada o exemplo mais refinado da cultura grega, teve seu apogeu cultural e político no século 5 a.C. Na sociedade ateniense, diferentemente de Esparta, as decisões políticas não estava nas mãos de um conselho, mas sim no governo da maioria, a democracia. Dentro desse sistema, todos os cidadãos podiam representar a si mesmos (não precisavam eleger ninguém) e decidir os destinos da cidade. Ao mesmo tempo em que Atenas abria o espaço para os cidadãos, reservava menor espaço para as mulheres do que na sociedade espartana. Em Atenas, as mulheres, assim como os escravos, não eram consideradas cidadãs.

Os jogos olímpicos

De tempos em tempos, as civilizações que surgiram após os gregos - inclusive a nossa - voltam seus olhos para essa cultura tão antiga, chegando mesmo a retomar alguns de seus costumes. Assim aconteceu, por exemplo, com os Jogos Olímpicos. Essa atividade ganhou importância no mundo ocidental na primeira metade do século 20, como uma forma de celebrar pacificamente a rivalidade entre os países que se confrontaram em duas Guerras Mundiais. Na verdade, as Olimpíadas foram reinventadas no final do século 19, ou seja, mais de 2.000 anos depois de terem sido extintas.

Na Grécia Antiga, os jogos olímpicos eram um ritual de homenagem a Zeus (o deus máximo de uma religião com muitos deuses). Esses jogos realizavam-se na cidade de Olímpia e envolviam todas as cidades-Estados da Hélade em várias competições de atletismo. Dentre as modalidades de esporte que se praticavam havia a corrida, a luta livre, o arremesso de discos, salto e lançamento de dardos. Os vencedores voltavam às suas cidades com uma coroa de folhas de oliveira e um imenso prestígio.

Os macedônios e a cultura helenística

No entanto, após o esplendor de Atenas no século 5 a.C., as cidades-Estados gregas foram perdendo seu poder e acabaram conquistadas e unificadas pelos macedônios, no século 4 a. C. Sob o domínio de Alexandre, o Grande, a cultura grega se expandiu territorialmente, indo do Egito à Índia, num processo em que simultaneamente influenciava e sofria influências. Essa cultura que correu mundo, tendo como raiz a tradição grega, foi chamada de cultura helenística.

Por fim, no século 1 a.C., foi a vez dos
romanos chegarem à Grécia antiga, conquistando-a. Ainda que Roma tenha incorporado a maior parte dos valores gregos, inaugurando a cultura greco-romana, os povos gregos da Antigüidade não conseguiram mais obter sua autonomia política e assim foram, ao longo dos séculos, desaparecendo.

Exército Vermelho

O O Exército Vermelho, na sua forma curta, para o Exército Vermelho dos Trabalhadores e dos Camponeses foi o exército da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, criado por Leon Trotsky dosBolcheviques em 1918 para defender o país durante a guerra civil russa, sendo desmantelado em 1991.

· O nome, abreviado geralmente para Exército Vermelho, faz referência à cor vermelha, símbolo dosocialismo, e ao sangue derramado pela classe operária em sua luta contra o capitalismo. Apesar de o Exército Vermelho ter sido transformado oficialmente no Exército Soviético em 1946, o termo Exército Vermelho é de uso comum no Ocidente para se referir a todas as Forças Armadas soviéticas ao longo de sua história.

[editar]Criaçãohttp://bits.wikimedia.org/skins-1.5/common/images/magnify-clip.png

Leon Trotsky saudando, 1917

O Exército Vermelho foi criado em 28 de janeiro de 1918. No início, foi integrado por voluntários camponeses e operários comunistas. O comando foi formado com oficiais do antigo exército imperial do czar que haviam decidido permanecer em seus postos depois da Revolução de Outubro, em 1917. Ao se intensificar a guerra civil desatada por antigos oficiais aliados aos kulaks (grandes latifundiários), Lenin recorreu ao recrutamento obrigatório. No transcurso da guerra interna, o Exército Vermelho chegou a contar com um efetivo de 5 milhões de homens, que enfrentaram o Exército Branco organizado pelos comandantes reacionários Lavr Kornilov e Anton Denikin, entre outros.

A organização do Exército Vermelho esteve a cargo de Leon Trotsky, que antes da revolução havia tido sob seu comando o comitê militar revolucionário que comandou o ataque à sede do governo provisório. Osbolcheviques (comunistas) tinham considerável influência no exército do czar. A Primeira Guerra Mundialdebilitou a moral dos soldados, com o número de deserções aumentando a cada dia durante o conflito. Os comunistas tentaram com bastante êxito criar uma moral revolucionária no lugar da moral patriótica em declínio. Os soldados eram uma peça chave de seu projeto sublevatório.

As assembléias revolucionárias (sovietes), deviam ser "de operários, soldados e camponeses", segundo o lema do Partido Bolchevique (comunista). Meses antes da revolução, centenas de unidades do exército participaram de um congresso de organizações militares em Petrogrado (hoje São Petersburgo).

Logo após a criação do Exército Vermelho, a política de incorporação voluntária dava por resultado um exército de base muito instável e pouco disciplinada. Trostsky defendeu o recrutamento obrigatório, a manutenção dos oficiais tsaristas em seus cargos e o comissariado político (incorporação de dirigentes do Partido junto ao comando militar). Restabeleceu a disciplina militar e reprimiu severamente a deserçãoe a traição. Explicou que não podiam dirigir as forças armadas com comitês revolucionários eleitos pelos soldados e acabou com a tática daguerra de guerrilha praticada em algumas regiões da Rússia, por considerá-la inadequada para uma luta em grande escala como a que se previa contra os brancos.

[editar]Guerra Civil (1918-1921)

Uma das ironias da história russa é que, tendo tomado o poder em Petrogrado minando a disciplina militar e a autoridade civil, os bolchevistas devem sua sobrevivência a poderosas forças armadas. As tropas de choque da revolução de outubro de 1917 eram soldados e marinheiros militantes, mas mesmo com a adição dos trabalhadores armados da Guarda Vermelha, estas forças eram inadequadas para enfrentar as ameaças ao nascente Estado Soviético.

Forças inimigas, fossem os assim chamados "Russos Brancos" ou os estrangeiros, ameaçavam o novo governo. Com o Exército Imperial russo exaurido por três anos de guerra mundial e desmontado pelos motins, nada servia de barreira entre o novo governo e o vitorioso exército alemão. Em março de 1918, os alemães apoiaram a independência dos estados bálticos da Letônia, Estônia e Lituânia, assim como um movimento separatista na Ucrânia. Uma vez assinado o tratado de paz entre o governo bolchevista e a Alemanha, os antigos aliados dela também intervieram, num esforço de reverter a decisão e trazer de volta a Rússia à Guerra Mundial. Para apoiar as tropas brancas, soldados ingleses e americanos desembarcaram em Arcangel'sk e Murmansk no norte, enquanto tropas adicionais inglesas e francesas operaram em Odessa, na Criméia, e na região do Cáucaso. Na Sibéria, o altamente profissional exército tcheco, composto de antigos prisioneiros de guerra russos que tinham se alistado para lutar contra a Áustria-Hungria, dominaram a linha férrea transiberiana, apoiando os brancos. Tropas japonesas e americanas se espalharam para ocidente a partir de Irkutsk, na Sibéria, partindo do porto deVladivostok, no Pacífico.

O resultado foi a Guerra Civil Russa de 1918-1921, uma experiência seminal tanto para o Estado Soviético como para o Exército Vermelho. Durante 1918 e 1919, VLenin e o comissário de Guerra, Trotsky, usaram as linhas férreas para mover suas limitadas reservas de um lado para outro, impedindo a derrota em diversos momentos. Isto se tornou conhecido com a guerra escalonada, na qual forças numerosas eram movidas (escalonadas) por ferrovia, para reforçar sucessivamente frentes que estivessem ameaçadas. Algumas divisões de infantaria foram transportadas até cinco vezes entre frentes durante o curso da guerra. Esta experiência deu a todos os participantes um sentimento dominante em relação à necessidade de reservas estratégicas e forças dispostas em grande profundidade.

A necessidade forçou Lenin a declarar o "Comunismo de Guerra", um sistema de expropriações extremas e repressão política. De forma a criar forças militares expressivas, o novo governo teve que recrutar homens de todos as origens sociais e aceitar os serviços de milhares de antigos oficiais do império. Por sua vez, a necessidade de assegurar a lealdade política de tais "experts militares", levou à instituição docomissário político para cada unidade, que tinha que aprovar todas as ações do comandante nominal.

Finalmente, o novo governo triunfou. No começo de 1920, o comandante tcheco na Sibéria entregou o auto-nomeado líder russo branco, o almirante A. V. Kolchak, em troca de passagem irrestrita para fora do país. Mais tarde, no mesmo ano, o Exército Vermelho repeliu uma invasão polonesa, feita em apoio dos separatistas ucranianos, mas foram por sua vez barrados pelo "milagre ao longo do Vístula", logo antes de Varsóvia. Por anos, os líderes do Exército Vermelho se envolveram em amargas recriminações sobre a responsabilidade por esta derrota. A despeito do reverso na Polônia, em 17 de novembro de 1920 os últimos russos brancos foram expulsos da Criméia. Depois de umas poucas ações no Turquestão e no Extremo Oriente, a guerra acabou.

No processo, a primeira geração de comandantes militares soviéticos tinha criado uma visão única da guerra. Diferentemente das batalhas de trincheiras, fixas da Grande Guerra, a Guerra Civil Russa foi caracterizada pelas imensas distâncias, defendidas por números relativamente reduzidos de tropas. Nestas circunstâncias, os comandantes soviéticos tentaram integrar todas as operações táticas em um plano geral de campanha, almejando objetivos que estivessem situados profundamente na retaguarda inimiga. As duas chaves da vitória provaram ser a concentração de forças superiores para sobrepujar o inimigo em um ponto específico e então manobras rápidas, tais como movimentos de flanqueio, penetrações e cercos, para destruir um inimigo que estivesse disposto de forma tênue. O pré-requisito para tais manobras eram uma força ofensiva altamente manobrável, a qual na Guerra Civil se baseava em trens e carros blindados e, especialmente, formações de infantaria hipomóvel. A elite do Exército Vermelho, o 1º Exército de Cavalaria do Marechal S. M. Budienny, produziu uma geração de oficiais que acreditavam com paixão na importância da mobilidade e da manobra e logo abraçaram as forças mecanizadas como a arma de sua escolha.

[editar], na sua forma curta, para o Exército Vermelho dos Trabalhadores e dos Camponeses foi o exército da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, criado por Leon Trotsky dosBolcheviques em 1918 para defender o país durante a guerra civil russa, sendo desmantelado em 1991.

· O nome, abreviado geralmente para Exército Vermelho, faz referência à cor vermelha, símbolo dosocialismo, e ao sangue derramado pela classe operária em sua luta contra o capitalismo. Apesar de o Exército Vermelho ter sido transformado oficialmente no Exército Soviético em 1946, o termo Exército Vermelho é de uso comum no Ocidente para se referir a todas as Forças Armadas soviéticas ao longo de sua história.

[editar]Criaçãohttp://bits.wikimedia.org/skins-1.5/common/images/magnify-clip.png

Leon Trotsky saudando, 1917

O Exército Vermelho foi criado em 28 de janeiro de 1918. No início, foi integrado por voluntários camponeses e operários comunistas. O comando foi formado com oficiais do antigo exército imperial do czar que haviam decidido permanecer em seus postos depois da Revolução de Outubro, em 1917. Ao se intensificar a guerra civil desatada por antigos oficiais aliados aos kulaks (grandes latifundiários), Lenin recorreu ao recrutamento obrigatório. No transcurso da guerra interna, o Exército Vermelho chegou a contar com um efetivo de 5 milhões de homens, que enfrentaram o Exército Branco organizado pelos comandantes reacionários Lavr Kornilov e Anton Denikin, entre outros.

A organização do Exército Vermelho esteve a cargo de Leon Trotsky, que antes da revolução havia tido sob seu comando o comitê militar revolucionário que comandou o ataque à sede do governo provisório. Osbolcheviques (comunistas) tinham considerável influência no exército do czar. A Primeira Guerra Mundialdebilitou a moral dos soldados, com o número de deserções aumentando a cada dia durante o conflito. Os comunistas tentaram com bastante êxito criar uma moral revolucionária no lugar da moral patriótica em declínio. Os soldados eram uma peça chave de seu projeto sublevatório.

As assembléias revolucionárias (sovietes), deviam ser "de operários, soldados e camponeses", segundo o lema do Partido Bolchevique (comunista). Meses antes da revolução, centenas de unidades do exército participaram de um congresso de organizações militares em Petrogrado (hoje São Petersburgo).

Logo após a criação do Exército Vermelho, a política de incorporação voluntária dava por resultado um exército de base muito instável e pouco disciplinada. Trostsky defendeu o recrutamento obrigatório, a manutenção dos oficiais tsaristas em seus cargos e o comissariado político (incorporação de dirigentes do Partido junto ao comando militar). Restabeleceu a disciplina militar e reprimiu severamente a deserçãoe a traição. Explicou que não podiam dirigir as forças armadas com comitês revolucionários eleitos pelos soldados e acabou com a tática daguerra de guerrilha praticada em algumas regiões da Rússia, por considerá-la inadequada para uma luta em grande escala como a que se previa contra os brancos.

[editar]Guerra Civil (1918-1921)

Uma das ironias da história russa é que, tendo tomado o poder em Petrogrado minando a disciplina militar e a autoridade civil, os bolchevistas devem sua sobrevivência a poderosas forças armadas. As tropas de choque da revolução de outubro de 1917 eram soldados e marinheiros militantes, mas mesmo com a adição dos trabalhadores armados da Guarda Vermelha, estas forças eram inadequadas para enfrentar as ameaças ao nascente Estado Soviético.

Forças inimigas, fossem os assim chamados "Russos Brancos" ou os estrangeiros, ameaçavam o novo governo. Com o Exército Imperial russo exaurido por três anos de guerra mundial e desmontado pelos motins, nada servia de barreira entre o novo governo e o vitorioso exército alemão. Em março de 1918, os alemães apoiaram a independência dos estados bálticos da Letônia, Estônia e Lituânia, assim como um movimento separatista na Ucrânia. Uma vez assinado o tratado de paz entre o governo bolchevista e a Alemanha, os antigos aliados dela também intervieram, num esforço de reverter a decisão e trazer de volta a Rússia à Guerra Mundial. Para apoiar as tropas brancas, soldados ingleses e americanos desembarcaram em Arcangel'sk e Murmansk no norte, enquanto tropas adicionais inglesas e francesas operaram em Odessa, na Criméia, e na região do Cáucaso. Na Sibéria, o altamente profissional exército tcheco, composto de antigos prisioneiros de guerra russos que tinham se alistado para lutar contra a Áustria-Hungria, dominaram a linha férrea transiberiana, apoiando os brancos. Tropas japonesas e americanas se espalharam para ocidente a partir de Irkutsk, na Sibéria, partindo do porto deVladivostok, no Pacífico.

O resultado foi a Guerra Civil Russa de 1918-1921, uma experiência seminal tanto para o Estado Soviético como para o Exército Vermelho. Durante 1918 e 1919, VLenin e o comissário de Guerra, Trotsky, usaram as linhas férreas para mover suas limitadas reservas de um lado para outro, impedindo a derrota em diversos momentos. Isto se tornou conhecido com a guerra escalonada, na qual forças numerosas eram movidas (escalonadas) por ferrovia, para reforçar sucessivamente frentes que estivessem ameaçadas. Algumas divisões de infantaria foram transportadas até cinco vezes entre frentes durante o curso da guerra. Esta experiência deu a todos os participantes um sentimento dominante em relação à necessidade de reservas estratégicas e forças dispostas em grande profundidade.

A necessidade forçou Lenin a declarar o "Comunismo de Guerra", um sistema de expropriações extremas e repressão política. De forma a criar forças militares expressivas, o novo governo teve que recrutar homens de todos as origens sociais e aceitar os serviços de milhares de antigos oficiais do império. Por sua vez, a necessidade de assegurar a lealdade política de tais "experts militares", levou à instituição docomissário político para cada unidade, que tinha que aprovar todas as ações do comandante nominal.

Finalmente, o novo governo triunfou. No começo de 1920, o comandante tcheco na Sibéria entregou o auto-nomeado líder russo branco, o almirante A. V. Kolchak, em troca de passagem irrestrita para fora do país. Mais tarde, no mesmo ano, o Exército Vermelho repeliu uma invasão polonesa, feita em apoio dos separatistas ucranianos, mas foram por sua vez barrados pelo "milagre ao longo do Vístula", logo antes de Varsóvia. Por anos, os líderes do Exército Vermelho se envolveram em amargas recriminações sobre a responsabilidade por esta derrota. A despeito do reverso na Polônia, em 17 de novembro de 1920 os últimos russos brancos foram expulsos da Criméia. Depois de umas poucas ações no Turquestão e no Extremo Oriente, a guerra acabou.

No processo, a primeira geração de comandantes militares soviéticos tinha criado uma visão única da guerra. Diferentemente das batalhas de trincheiras, fixas da Grande Guerra, a Guerra Civil Russa foi caracterizada pelas imensas distâncias, defendidas por números relativamente reduzidos de tropas. Nestas circunstâncias, os comandantes soviéticos tentaram integrar todas as operações táticas em um plano geral de campanha, almejando objetivos que estivessem situados profundamente na retaguarda inimiga. As duas chaves da vitória provaram ser a concentração de forças superiores para sobrepujar o inimigo em um ponto específico e então manobras rápidas, tais como movimentos de flanqueio, penetrações e cercos, para destruir um inimigo que estivesse disposto de forma tênue. O pré-requisito para tais manobras eram uma força ofensiva altamente manobrável, a qual na Guerra Civil se baseava em trens e carros blindados e, especialmente, formações de infantaria hipomóvel. A elite do Exército Vermelho, o 1º Exército de Cavalaria do Marechal S. M. Budienny, produziu uma geração de oficiais que acreditavam com paixão na importância da mobilidade e da manobra e logo abraçaram as forças mecanizadas como a arma de sua escolha.

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